quarta-feira, 11 de março de 2009

Sociologia como autoconsciência da Sociedade:

Breve histórico do surgimento da Sociologia.

Sociologia: “Autoconsciência crítica da realidade social”. Ciência que estuda os fenômenos sociais.

A Sociologia procura emancipar o entendimento humano sobre a sociedade desvencilhando-se do senso comum. Possui discursos e métodos científicos próprios.

Segundo Otavio Ianni: “ A sociologia nasce e desenvolve-se com o Mundo Moderno. Reflete suas principais épocas e transformações. (...) A Sociologia não nasce no-nada. Surge em um dado momento da história do mundo moderno. Mais precisamente, em meados do séc. XIX, quando ele já está em franco desenvolvimento, realizando-se. (...) Os personagens mais característicos estão ganhando seus perfis e movimentos:grupos, classes, movimentos sociais e partidos polí,ticos; burgueses, operários, camponeses, intelectuais, artistas e políticos; mercado, mercadoria, capital, tecnologia, força de trabalho, lucro, acumulação de capital e mais-valia; sociedade, estado e nação; divisão internacional do trabalho e colonialismo; revolução e contra-revolução. (...) É possível dizer que a Sociologia é uma espécie de fruto muito peculiar desse Mundo. No que ela tem de original e criativa, bem como de insólita e estranha, em todas as suas principais características como forma de pensamento”

Podemos dizer então que a Sociologia é “filha” da Modernidade, conseqüência das profundas transformações na Europa do século XIX com as chamadas Revoluções Burguesas.

Modernidade: conjunto de experiências históricas ambíguas e conflituosas que marcaram a sociedade européia em meados do século XIX até a atualidade. Um período de profundas transformações sociais, econômicas e políticas.

As mudanças na Europa trouxeram 2 aspectos importantes para a sociedade moderna:

1) Desenvolvimento da sociedade burguesa e consolidação de sua hegemonia e valores. Criação do Estado Burguês. Com isso surge uma nova configuração social e o sistema societal feudal entre em colapso.

2) Consolidação do capitalismo como modo de produção e declínio do feudalismo.

- A critério didático podemos dividir o período das revoluções burguesas em três aspectos: econômico, cultural-científica e político.

1) Revolução Econômica: corresponde a ao longo processo de superação da economia agrária feudal (assentada sobre a servidão) que desencadeou a chamada Revolução Industrial. Com o desenvolvimento do mercantilismo e a acumulação primitiva de capitais o modo de produção feudal entra em colapso observa-se a expropriação dos terrenos comunais da propriedade feudal (política dos cercamentos) e destruição da agricultura familiar, transformando-se em propriedade privada moderna. As conseqüências foram à expulsão das famílias rurais para as grandes cidades, que buscavam na indústria emergente a garantia de sua sobrevivência, originando o operariado urbano (proletariado). A velocidade que a expropriação as solapava camponeses e artesão era maior do que a absorção da mão de obra pelas fábricas originando o fenômeno do desemprego, aumentando os índices de miseráveis, mendigos e excluídos. Como conseqüências a Revolução Industrial trouxe:

· O fim do produtor independente

· Êxodo rural e explosão demográfica urbana

· Processo de proletarização

· Miséria (doenças, prostituição, suicídios, alcoolismo, violências, etc.)

· Primeiras manifestações operárias (ludismo, cartismo)

· Criava-se uma sociedade altamente competitiva e individualista

2) Revolução cultural-científica: correspondente ao chamado Iluminismo (França) fruto de um longo processo de separação das concepções teológicas da Igreja Católica (autoridade política da época). Com as transformações do renascimento comercial e urbano surgem intensas transformações culturais e na forma de conhecer do homem (marco inicial com o Renascentismo). Instala-se um movimento anti-clerical opondo-se diametralmente ao teocentrismo. O antropocentrismo inaugura um novo tipo de pensamento voltado para o homem como chave explicativa do mundo. O conhecimento deixa de ser objeto de revelação divina para ser interpretado pela razão (Ciência). O racionalismo baseava-se no uso exclusivo da razão e no empirismo. O Iluminismo buscava transformar não só as formas de conhecimento, mas a própria sociedade, implantando os valores do Liberalismo político e econômico. Alguns iluministas: Descartes, Newton, Locke, Montesquieu, Voltaire, Rosseau, Diderot e d´Alembert, Adam Smith, Vivaldi, Haendel, Bach, Mozart, etc. Conseqüências do Iumismo:

· Derrocada do Teocentrismo como forma explicativa do mundo

· Consolidação do Liberalismo

· Notório desenvolvimento das Ciências Naturais e Humanas

3) Revolução Política: correspondente a Revolução Francesa que com os ideais iluministas (liberdade, igualdade e fraternidade) questionaram a monarquia absolutista. Foi um movimento que contou com forte apoio popular, mas de forte caráter burguês. Suas conseqüências principais foram:

· Queda do Estado monárquico e origem do Estado Moderno Burguês (executivo, legislativo e judiciário).

· Criação do Estado Laico e fim do predomínio político da autoridade da Igreja Católica.

· Burguesia toma o Estado e assume papel hegemônico

O conjunto desses processos históricos trouxe não somente progressos como também uma infinidade de problemas sociais que conturbaram a Europa do século XIX. Esse “turbilhão social” faz com que surjam intelectuais preocupados e propostos a por uma “ordem social” oriunda dessas revoluções. Neste contexto é que surge a Sociologia.

Pensadores como Tocqueville, Monstesquieu, Le Play, Saint-Simon, Augusto Comte entre outros vão sistematizar e refletir sobre a realidade social da época.

Positivismo:

Corrente científico-filosófica que foi umas das precursoras da Sociologia. Seus precursores foram Saint-Simon e Augusto Comte (discípulo de Saint-Simon, que inclusive criou o termo “Sociologia”). Era baseada principalmente na afirmação das ciêcias experimentais. Podemos caracterizar três premissas básicas no positivismo:

1. A Sociedade é regida por leis Naturais, isto é, leis invariáveis, independentes da vontade e da ação humana; na vida social, reina uma harmonia natural.

2. A Sociedade pode, portanto, ser Epistemologicamente assimilada pela Natureza e ser estudada pelo métodos, trajetória e processos empregados pelas Ciências da Natureza.

3. As Ciências da Sociedade, assim como as da Natureza, devem limitar-se à observação e à explicação causal dos fenômenos, de forma objetiva, neutra, livre de julgamentos de valor ou Ideologias, descartando todas as pré-noções e preconceitos (neutralidade axiológica).

Saint-Simon

Para este autor, o avanço da ciência determinava a mudança político-social, além da moral e da religião. Acreditava que, no futuro, a sociedade seria basicamente formada por cientistas e industriais.

Augusto Comte

Em seu método, Comte propunha uma metodologia da observação dos fenômenos. Para ele o homem passou por tres estagios evolutivos:

1º Teológico: é a infância da humandidade em que o homem explica os fenomenos naturais através de causas fantásticas e sobrenaturais. (religiões monoteístas e politeístas)

2º Metafísico: explicações racionais, buscam o porque das coisas e substituem os deuses por entidades abstratas e términos metafísicos. (Filosofia)

3º Positivo (Científico): etapa definitiva, não se busca o porque das coisas, mas sim o como. O conhecimento se baseia nas observações e nas experiências. Busca-se o conhecimento das leis da natureza para conseguir seu domínio técnico.

Comte ainda avaliou que a sociedade possuía dois movimentos principais: dinâmico e estático.

Movimento dinâmico: é o responsável pela evolução social que imprime sobre as sociedades as transformações para estágios superiores e mais complexos. (progresso)

Movimento estático: é o responsável pela organização e equilíbrio do organismo que ajustaria a sociedade ao seu melhor funcionamento harmônico. (ordem)


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