sexta-feira, 6 de março de 2009

Mundialização e Cultura - Edgar Morin

É evidente que o desenvolvimento da mundialização cultural é inseparável do desenvolvimento mundial das redes midiáticas, da difusão mundial dos modos de reprodução (cassetes, cds, vídeos) e que a internet e a multimídia acelerarão e amplificarão todos os processos, diversos, concorrentes e antagônicos (ou seja, complexos) que evocamos.

Não cremos na desaparição do livro, nem na do cinema; haverá provavelmente até um retorno a um e a outro, o primeiro na intimidade da meditação, da solidão, da releitura, o segundo na comunhão em salas escuras. Cremos também que apesar de seus avanços impressionantes, os processos de padronização e os imperativos do lucro serão contrabalançados pelos processos de diversificação e as necessidades de individualização.

Trata-se de ir em direção a uma sociedade universal fundada sobre o gênio da diversidade e não sobre a falta de gênio da homogeneidade, o que nos leva a um duplo imperativo, que traz em si sua contradição, mas que não pode fecundar fora dela: em toda parte, preservar, estender, cultivar e desenvolver a diversidade.

A humanidade é ao mesmo tempo una e múltipla. Sua riqueza está na diversidade das culturas, mas podemos e devemos nos comunicar dentro da mesma identidade terrestre. Ao nos convertermos verdadeiramente em cidadãos do mundo, partilhando uma mesma cultura das Cem Flores, é que nos tornamos vigilantes e respeitadores das heranças culturais.

Edgar Morin
Sociólogo Francês

(Conferência de Abertura do Seminário Internacional de Educação e Cultura,
realizado no SESC Vila Mariana, agosto/2002 – São Paulo – disponível na íntegra no link http://edgarmorin.sescsp.org.br/arquivo/download/arquivos/morin_abre_por.doc)

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